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Val Oliveira - Cine Horror

por João Taboada27/02/2019

Val Oliveira é artista plástico, ilustrador, professor de História da Arte, colaborador do site de rock ReiDjou! e, em contraste com sua baianidade, é vocalista de uma banda de Death Thrash Metal, o RATTLE. Como se não bastasse, é cinéfilo inveterado e, não por acaso, produtor do Cine Horror, evento baiano cujo foco é a exibição de filmes na linha horror, suspense e ficção. Nesta entrevista, Val fala do prazer e das dificuldades de se produzir no estado um festival deste tipo.



VA - Val, qual a sua formação profissional?
VO – Sou bacharel em Artes Plásticas e especialista em Artes Visuais. E dou aula há 11 anos como professor de Artes e História da Arte. Fora isso, quadrinista, ilustrador, músico nas horas vagas, colecionador de filmes, HQs e cacarecos mil.


VA - Além da paixão por cinema, o fato de trabalhar com artes plásticas e tocar em uma banda de metal lhe influenciou de alguma forma a criar o Cine Horror?
VO – O cinema fantástico me acompanha antes mesmo de me enveredar pelo caminho artístico e musical. Eu sempre quis ir a eventos dedicados ao cinema fantástico, ficava com inveja dos eventos em outros estados e países. E como falei, o cinema influenciou, e muito, minhas influencias na música e nas artes, não o contrário. Mas o trabalho que desenvolvi na arte e no campo musical me deu um fôlego para criar o evento.


VA - O que é exatamente o festival?
VO – O Cine Horror começou de forma modesta e hoje já está se tornando uma referência na Bahia e no Nordeste. Começou como uma pequena mostra dedicada ao cinema fantástico nacional e, aos poucos, começamos a receber material de outros países. São dois finais de semana, onde são exibidos filmes de horror, ficção cientifica, suspense, thrillers e fantasia, onde a maioria é nacional, e onde temos, alem dos filmes, debates e bate papo com produtores nacionais.


VA - Além de você, quem são as pessoas que compõem a equipe que faz o festival? Este já é rentável ou vocês o fazem por amor ao tema?
VO – Comecei praticamente sozinho, correndo atrás e, após a segunda edição, comecei a montar um time. Hoje temos no grupo Ana Lima, Saul Mendez, Dino Galeazzi, Rafael Saraiva.
E o evento é gratuito, não ganhamos grana, na verdade só perdemos... e, às vezes, perdemos muito! Hauahaua... Então fazemos mais por amor mesmo. Mas aceitamos parcerias, apoios e patrocínios!


VA - Como é feita a seleção de filmes para o evento? Quais os critérios necessários para ser classificado na lista de vídeos exibidos no Cine Horror?
VO – Os filmes que se inscrevem na curadoria são assistidos por todos do grupo. São analisados a direção, roteiro e toda parte técnica, fotografia, e também levamos em conta se é interessante para o público. Lógico que conta a parte artística, mas temos que pensar em quem vai assistir. Vamos anotando tudo, damos notas e depois comparamos as nossas avaliações e discutimos sobre cada filme inscrito.


VA - Quando se fala em filmes caseiros, filmes trash e classe B, imaginamos filmes com pouca produção e roteiros de qualidade duvidosa. Até que ponto isto é verdade?
VO – Filme B vem dos nomes que antigamente tinham orçamento menor e eram exibidos antes dos filmes do grandes estúdios. Filme trash é um filme que não se leva muito a sério ou que se leva a sério demais e acaba sendo tosco, risível, mas que geralmente tem orçamento ainda menor que o filme B. As pessoas têm que parar de achar que filme B e filme trash são a mesma coisa, e que são filmes ruins... vejo mais porcaria em filme de grandes estúdios - e alguns com orçamento grande. Filme é feito para diversão. E na nossa mostra tem filmes que são sérios, com excelente qualidade e que humilham tecnicamente e com roteiro melhor que os filmes mainstream que vão para as salas de multiplex. Exibimos filmes de todos os tipos, de todos os orçamentos e qualidades. Temos que parar de achar que filme nacional de gênero fantástico é ruim. Já vi excelentes filmes nacionais em salas de cinema praticamente vazias e que geralmente não passam de uma semana em cartaz e com poucos horários disponíveis. E aí vem umas porcarias estrangeiras, ruins mesmo, e ficam um mês, com vários horários e varias salas...


VA - Na última apresentação (a terceira, na qual estive presente e me diverti muito) vi uma quantidade considerável de filmes estrangeiros. Como as pessoas no exterior sabem do evento? E porque há esse interesse de produtores de outros países em apresentar-se aqui?
VO – Já na segunda edição eu tive contato com diretores portugueses. Exibimos cinco curtas lusitanos, e ainda um filme com produção ítalo-britânica e um filme americano dirigido e escrito por uma brasileira. Isso, por conta de rede social e do boca a boca. Na terceira, tivemos produções mexicanas, portuguesas, espanholas, argentinas, chilenas... prova de que o evento está tendo relevância. A produção independente é grande, e tanto no Brasil quanto no exterior, os diretores procuram eventos que tenham apelo e público significativo. E o Cine Horror tem sido bem divulgado. Aos poucos, como já afirmei, estamos crescendo e ficando relevantes.


VA - Ainda sobre a última edição, vocês exibiram filmes sobre Frankenstein. Qual a importância deste personagem para o festival? Existem outros personagens que vocês pretendem homenagear?
VO – Em 2018 aconteceu a comemoração de 200 anos da publicação do livro “Frankenstein, or a Modern Prometheus”. Acabou sendo o tema da edição, e exibimos dois clássicos da Universal Pictures, e tivemos também um evento/palestra sobre a criatura numa megastore aqui de Salvador. Na segunda edição homenageamos os 40 anos do clássico Suspiria e, também, o diretor Alberto Cavalcanti. Sempre procuramos fazer umas homenagens, dentro do evento principal ou nas mostras mensais. Já fizemos homenagem aos diretores Rodrigo Aragão, Ivan Cardoso, aos 70 anos de Stephen King, etc. Neste ano teremos duas mini homenagens no evento, a dois escritores e, teremos, também, uma mostra mensal dedicada a um monstro da cultura pop, em maio/2019.


VA - Você tem preferência por algum diretor de cinema? Qual e por quê? E no Cine Horror? Algum lhe chamou a atenção?
VO – Há vários diretores que eu gosto: John Carpenter, David Cronemberg, Sam Raimi, Spielberg, entre vários outros, que me cativaram por filmes incríveis, que eu via pela TV, ou que eu locava em VHS e DVD. O clima, fotografia, e os roteiros dos filmes que eles lançavam eram e ainda são geniais em sua grande maioria. No Cine Horror, tem vários diretores que eu já exibi filmes, e que gosto do trabalho: Joel Caetano, Lula Magalhães, Rodrigo Aragão, Fernando Alle, Pablo Pastor, Francisco Lacerda, entre tantos outros...


VA - Nestes três anos de Cine Horror, deu pra ter uma percepção sobre a aceitação do público para este tipo de filme? Há perspectiva de crescimento do festival?
VO – Como tinha dito, ele começou de forma modesta e foi crescendo. Vamos formando público com as mostras mensais e usamos as redes sociais para divulgar mais ainda. O público tem crescido a cada edição. Tem gente que não sabia do evento, descobre e fala com os colegas e já fica ansioso para a próxima edição. A dificuldade nos eventos é sempre tirar o público de casa, de sua zona de conforto, e levá-lo para uma sala de cinema e ver filmes “desconhecidos”. É uma luta, sempre, mas vamos em frente. Mas estamos vendo a aceitação: as pessoas comentam, elogiam a iniciativa, e ele vai crescendo.


VA - Deseja finalizar com alguma mensagem para o público e para os possíveis apoiadores?
VO – Agradecemos a todos que nos apoiam, nos seguem e admiram o evento. Ele é feito por fãs e para fãs! Estamos aguardando vocês! O Cine Horror, além do evento anual e das mostras mensais, possui um site, que traz sempre notícias, resenhas de filmes, livros, quadrinhos e entrevistas. O site é aberto a colaboradores! E quem quiser anunciar, patrocinar e apoiar o evento, entre em contato conosco!!! E a todos, nos acompanhem pelo site e redes sociais para que fiquem sabendo das novidades! Um grande abraço!!!


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CINE HORROR - Mostra de Cinema Fantástico.


Site: www.cinehorror.com.br
Facebook: @CineHorrorBA
Instagram: @cine.horror.festival
Twitter: @CineHorrorFest

Bate-papo com o artista plástico, professor, roqueiro, criador e produtor do festival baiano Cine Horror.

http://www.visuarea.com.br/entrevistas/val-oliveira-cine-horror
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