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Flávia Garcia Rosa - EDUFBA

por João Taboada09/06/2016

Graduada em Comunicação, mestre em Ciências da Informação, doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal da Bahia e professora, Flávia Garcia Rosa dirige a Editora da Universidade Federal da Bahia, a EDUFBA, desde 1998. A EDUFBA se constituiu como Editora em setembro de 1993, e tem sua sede no Campus de Ondina, em Salvador-BA. Sua linha editorial está voltada para a produção de livros resultantes da pesquisa desenvolvida na própria Universidade e conta, atualmente, com três livrarias próprias que comercializam essa produção e de outras editoras universitárias. A produção da EDUFBA tem circulação nacional através de cadeias de livrarias como a Cultura, além de um distribuidor em São Paulo que mantém uma loja virtual, e que atende todo o país.

VA - Você é formada em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia, certo? O que te levou até essa profissão?
FR - Desde criança vivo num ambiente propício à área das letras e das artes. A minha família materna tinha um vínculo grande com essas áreas: um bisavô poeta, membro da Academia Alagoana de Letras - estado onde nasci - e um avô que era bancário, mas que mantinha em paralelo a atividade de fotógrafo. Desde os seis anos frenquentava o laborátorio para revelar minhas fotos tiradas numa Kodak que ele meu presenteou, a mim e a minha irmã… Aprendi desde muito cedo qual o melhor enquadramento, e a desenvolver também a sensibilidade para o melhor ângulo. Além de fotógrafo, ele ilustrava, fazia caricaturas. Seria hoje um designer. Pena que faleceu aos 65 anos… Mas tenho certeza que usufruí o máximo dos anos de convivência que tive com ele. O irmão dele era pintor, a irmã compositora e professora de piano. Como não pensar em letras e artes? Ainda recebi desse avô, um brinquedo da Estrela, inesquecível! Uma tipografia. Os tipos eram de borracha e eu brincava de fazer jornal. Em Maceió, não havia o curso de Comunicação e inicialmente queria fazer Letras. A vinda para Salvador aos 13 anos foi decisiva para que eu fizesse Comunicação.

VA - Como você chegou até a Editora da UFBA?
FR - Ao entrar para o Curso de Comunicação, graças ao meu aprendizado da vida toda, me destaquei nas aulas de fotografia. O professor era Ailton Sampaio, na época diretor também do Centro Editorial e Didático da UFBA, órgão que antecedeu a EDUFBA. No segundo semestre do Curso fui estagiar lá. Fazia revisão de textos e recebia uma bolsa da UFBA através do programa de Bolsa do Trabalho e daí, não saí mais…

VA - Você também é diretora de Comunicação da ABEU (Associação Brasileira das Editoras Universitárias). É complicado conciliar as duas funções?
FR - Tenho que conciliar inúmeras funções, rsss... A ABEU é o meu lado de trabalho associativo, de defesa dos interesses de todos os que compõem as editoras universitárias. É uma paixão trabalhar para o coletivo!!! Passar minha experiência! Já ocupei vários cargos na diretoria da ABEU sendo por duas vezes presidente e, para ser sincera, foi o cargo que menos gostei, rssss... Não sou "política". Bom, hoje, além da direção da Editora e da ABEU, sou membro orientadora de alunos de mestrado, e estou, também, na graduação. Não é fácil! Mas tenho o previlégio de gostar imensamente do que faço!

VA - A Gráfica da UFBA funcionava separadamente da Editora. Porque não existia entre as duas um vínculo direto? A Gráfica não deveria ser subordinada à Editora?
FR - A gráfica foi extinta há mais de dez anos. Concluiu-se que não era viável. Fica difícil a Universidade manter uma unidade industrial. É preciso renovar equipamentos, fazer a manutenção dos que existem, e o avanço da tecnologia os torna obsoletos rapidamente… Hoje, mantemos equipamentos para impressão por demanda, eles são terceirizados e a gestão é da EDUFBA.

VA - Há algum tempo adquiri o livro "Design e Comunicação Visual na Bahia/Técnicas de Sinalização", desenvolvido pela artista plástica e professora Sônia Castro e produzido pela EDUFBA, mas não tenho conhecimento de outros livros da Editora voltados para a área visual. Qual a porcentagem de livros deste tipo (Artes Plásticas, Design, Arquitetura, etc.) que é produzida na Editora? Qual o segmento que mais solicita a Editora (humanas, artes, informática, engenharia, etc)?
FR - De fato não temos muita coisa na área de Design. Dependemos de que professores da área pesquisem e transformem suas pesquisas em livros… Na área de Arquitetura e Urbanismo temos muitos títulos, pois é uma área que produz muito. Tem um Programa de Pós-Graduação com uma trajetória longa. A área de Design é mais recente na UFBA. Nosso catálogo é um reflexo da pesquisa que é desenvolvida na Instituição. Temos muitos livros nas áreas de Ciências Sociais Aplicadas (Direito, Administração, Economia, Arquitetura, Planejamento Urbano, Demografia, Ciência da Informação, Comunicação e Museologia, dentre outras) e Ciências Humanas (História, Antropologia, Filosofia, Sociologia e outras). Também destacaria Letras e Artes, abrangendo em Artes, Teatro, Dança e Música.

VA - A EDUFBA, sendo um braço de uma instituição federal como a UFBA, produz seus livros sem ter necessariamente um objetivo comercial? Qual o critério para que um livro oriundo de uma pesquisa acadêmica chegue até a Editora e seja produzido?
FR - No nosso site temos as orientações sobre COMO PUBLICAR para que os autores façam o encaminhamento dos seus originais. Eles passam por um processo de avaliação por especialistas na área do conhecimento do original e o parecer emitido é analisado por um Conselho Editorial composto por professores da Instituição, abrangendo as diversas áreas do conhecimento. O parecerista considera vários aspectos na sua avaliação, desde pertinência do tema, passando pela estrutura, a coerência e a coesão textual.

VA - Ainda em relação à pergunta acima, a Editora tem um limite mínimo e máximo de verba para a produção de seus materiais? Que tipo de prestação de contas ela (EDUFBA) deve ao Governo Federal?
FR - As ações da EDUFBA estão atreladas à UFBA que é a Instituição responsável pela Editora. Embora não tenhamos um foco comercial, vivemos dos recursos oriundos da comercialização dos nossos livros, recursos de pesquisa e de agências de fomento. Claro que a EDUFBA, para seu funcionamento, ocupa o espaço físico da UFBA, que é quem arca com todas as despesas de manutenção e de funcionários pertencentes ao quadro da Universidade.

VA - A despeito de que todos os livros publicados pela EDUFBA são importantes, em sua gestão existiu algum livro ou alguns que mais se destacaram ou que podem ser considerados mais significativos? E porque?
FR - Bom, posso ser injusta ao destacar um e deixar de destacar outro. Creio que temos cumprido um importante papel com a disseminação da pesquisa que é realizada na UFBA. Damos retorno à sociedade através dos livros que publicamos. Não temos "encalhes" editoriais, ou seja, há publico para o que publicamos, e também, não trabalhamos com grandes tiragens, assim damos conta de publicar uma boa diversidade de originais!

VA - A Editora também elabora e produz materiais para clientes externos relacionados à criação gráfica de forma geral como livros, revistas, folders, marcas, catálogos, etc, e também mantém vínculos com outras editoras. Estes são serviços mantenedores da EDUFBA?
FR - São serviços que chegam através do nosso corpo docente, quando realizam eventos que envolvem parcerias externas e, como temos, modéstia à parte, uma excelente equipe de Designers formados na própria UFBA, prestamos esse serviço de qualidade, que é claro, ajuda na manutenção da Editora.

VA - A EDUFBA mantém um acervo digital de uma parte dos trabalhos acadêmicos desenvolvidos, o Repositório Institucional da UFBA (RI). Esta foi uma iniciativa da sua gestão? Existe algum outro projeto similar em andamento?
FR - Temos duas ações voltadas para a disponibilização dos livros da EDUFBA com acesso aberto: uma é através do Repositório Institucional, cuja implantação foi resultado prático do meu doutorado. Tenho muito orgulho dessa implantação. Trazer um benefício para uma Instituição que me deu "régua e compasso". A outra ação está vinculada ao projeto da Scielo Livros, que mantém o conteúdo dos livros seja para acesso aberto, seja para comercialização, tanto do livro todo quanto em capítulos. Os links são os seguintes www.repositorio. ufba.br e http://books.scielo.org/.

VA - Você teria algo mais a dizer para o leitor do VISUAREA sobre a EDUFBA?
FR - Agradeço a oportunidade de falar um pouco sobre meu trabalho que é fruto de um trabalho desenvolvido por uma equipe multidisciplinar. Tenho orgulho de fazer parte da Universidade Federal da Bahia e de contribuir para que essa Instituição, que completa 70 anos, cumpra de fato o seu papel! Agradeço à UFBA pela oportunidade que sempre me deu, e a todos os que, juntamente comigo, fazem a EDUFBA acontecer!

∇......

Confira abaixo alguns livros produzidos pela EDUFBA.


Narrativas sobre o Comer no Mundo da Vida


O Solo como Material de Construção


Educação, Região e Territórios


A Nova Onda Baiana


Diálogos em Trânsito


Dança e Pós-Modernidade


A Pontuação em Manuscritos Medievais Portugueses


De Escravo a Cozinheiro


Design e Comunicação Visual na Bahia


Anonymous Brasil


Autor e Autoria no Cinema e na Televisão


Visões Imaginárias da Cidade da Bahia


Fazendo Gênero e Jogando Bola


Drogas e Cultura: Novas Perspectivas


A Vida no Orkut


A Conservação e a Restauração de Documentos na Era Pós-Custodial


Júlio Dinis


Dicionário Etimológico do Português Arcaico


Clarice Lispector Comparada


O Ensinar Enquanto Travessia


Ciberpolítica - Conceitos e Experiências


A Lírica de Luis Antonio Cajazeira Ramos


Práticas e Vivências Religiosas


Salvador da Bahia


Amantes sem Estrela


Psicopedagogia e Psicanálise


Os Saberes em Desenho do Barão de Macaúbas

Diretora da EDUFBA desde 1998, Flávia Rosa fala sobre seu trabalho neste braço cultural tão importante da nossa Universidade Federal.

http://www.visuarea.com.br/entrevistas/flavia-garcia-rosa-edufba
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Palavras chave: flavia garcia rosa, favia rosa edufba, edufba, editora da ufba



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