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Claudio Marcelo Reis

por João Taboada

24/05/2015

Claudio Marcelo Reis é oriundo de Feira de Santana-Bahia, já morou em Salvador e, hoje, reside nos Estados Unidos. Lá, trabalhou na criação de diversas campanhas para filmes de Hollywood. Graduado em Desenho Industrial (Design) pela Escola de Belas Artes-UFBA logo na primeira turma - e já excelente desenhista antes disso - atualmente trabalha na The Refinery Creative, uma agência de Los Angeles voltada para atender às grandes campanhas da indústria do entretenimento (TV e cinema).

VA - Como você chegou até sua empresa atual?
CR - Há três anos trabalho na The Refinery Creative. Fui convidado para trabalhar aqui com a conta da Fox Internacional devido à larga experiência que já tinha com a Disney. Minha especialidade são os filmes de animação. A Fox juntamente com o estúdio Bluesky vem investindo forte na produção de animações. A campanha do filme Rio 2 foi fundamental para a agência me fazer a proposta. No momento estou desenvolvendo a campanha do filme do Snoopy & Charlie Brown, além do novo Ice Age. Além da campanha do mais novo show da Disney Channel - Descendentes - que promete ser o novo High School Musical.

VA - Quais as principais campanhas em que você trabalhou?
CR - Toy Story 3, Enrolados, Wall-E, Encantada, Rio 2, Snoopy(em produção), Serviço Secreto, Tron.

VA - Lembro que você comentou numa entrevista que era diretor de criação da empresa que trabalha, ou seja, chefe de setor. Como é a recepção dos americanos em relação a você ser brasileiro e chefe deles ao mesmo tempo?
CR - Ótima, os americanos são bastante profissionais neste sentido. Nunca tive maiores problemas.

VA - No cargo em que está você cria as campanhas e delega a execução ou também "bota a mão na massa"? Ou seja, desenha e finaliza os trabalhos? Qual o seu papel na prática?
CR - Meu papel é criar, mas, também, desenvolvo muitos estudos (sketches) conceituais, bem como layouts.

VA - Qual o conhecimento necessário pra fazer uma campanha bem sucedida?
CR - Sensibilidade, conhecer o público, ter amplo conhecimento de semiótica (ciência que estuda a comunicação visual) e criatividade.

VA - Você não tinha projetado trabalhar com isso em sua vida. Nasceu ilustrador e se formou designer. Seu trabalho atual lhe realiza?
CR - Totalmente. Minha vida pode ser descrita através dos meus desenhos. Minha mãe guardou vários desde quando eu era criança. Minhas ilustrações ilustram minha vida profissional e pessoal.

VA - Na época da sua Faculdade (1991) quando a internet ainda estava engatinhando, nossas referências vinham principalmente de livros e revistas. Hoje, há uma catarse enorme de informações de todos os tipos circulando na web. Como isso influencia seu trabalho?
CR - A Internet hoje é o maior veículo de comunicação e tendências. Todo profissional da área de comunicação tem que se manter atualizado.

VA - Quais as suas primeiras influências visuais e o que foi que lhe inspirou a começar a desenhar?
CR - Minhas primeiras influências visuais foram os personagens da Disney e Super Heróis. Sou fã do Aquaman.

VA - Antigamente, quando não existia a computação gráfica, os desenhos animados baseavam-se mais na qualidade do roteiro e na personalidade dos personagens. Décadas se passaram e até hoje lembramos do Pica-Pau, Patolino, Scooby-Doo e desenhos de Hanna-Barbera e Walt Disney de forma geral. Hoje, as animações são carregadas de efeitos mas parecem mais efêmeras, dando a impressão que são feitas apenas para atender um momento. Como você vê isso?
CR - Existem animações fantásticas sendo feitas com estórias que tocam os mais diversos corações. Agora, claro que com o ritmo frenético da atualidade e a compulsividade por algo novo, tudo desde a música até o cinema, e até os relacionamentos pessoais estão cada vez mais efêmeros.

VA - Eu fui da segunda turma de Desenho Industrial da EBA (Escola de Belas Artes) e tive o prazer de conhecer seus trabalhos e, nessa época, você já desenhava muito bem. O que o curso lhe acrescentou tecnicamente?
CR - O curso me deu grande base acadêmica. Tive uma das melhores professoras de história da arte que aquela faculdade teve e criei relações profissionais com diversos colegas e professores.

VA - Após concluir a Faculdade, em quais empresas trabalhou aqui na Bahia?
CR - Ainda na faculdade criei uma empresa com uma colega, logo depois fui contratado como diretor de arte para o SENAI CETIND, e de lá fui convidado a mudar para São Paulo para trabalhar para a então Macromedia/Adobe.

VA - Se surgisse uma oportunidade de trabalho no Brasil você arriscaria voltar? Há campo aqui para o que você faz?
CR - Claro que sim!

VA - Claudio Reis tem algum perfil político? Ou isso não faz diferença?
CR - Sou a favor da democracia no sentindo denotativo da palavra. Igualdade de direitos para todos e liberdade de expressão.

VA - Música é uma arte para a qual quase ninguém é indiferente. De que forma ela interfere no seu trabalho ou na sua vida?
CR - Música é o combustível que alimenta minha criatividade. Sou fã incondicional da banda Queen e de classic rock em geral.

VA - Está trabalhando em algum projeto pessoal atualmente?
CR - Em uma graphic novel.

VA - Que sugestão você daria pra quem está iniciando?
CR - O máximo de conhecimento, determinação, fé e ambição.

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Campanhas de filmes produzidas:
Lucas - Um Intruso no Formigueiro (2006), Toy Story 3 (2010), Alvin e os Esquilos (2007), Enrolados (2010), Encantada (2007), Ratatouille (2007), As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian (2008), Carros 2 (2011), Piratas do Caribe (2001), Tron (2010), Wall-E (2008), Rio 2 (2014), Snoopy (em produção), Serviço Secreto (Kingsman - 2014), Spy, The Book Of Life (2014), Chappie (2015), Night At The Museum 3 (2014), Descendants (Disney TV Show), Star Wars Rebels (animated series - season 1 and 2 - 2014), dentre outras.

Onde podemos encontrar o trabalho de Claudio:
http://therefinerycreative.com/

Abaixo, imagens de algumas de suas campanhas.